Isto É: O Poderoso Henrique
PUBLICAÇÃO: 19.02.2012
da Revista Isto É:
Experiente por acumular o recorde de 11 mandatos
consecutivos, o líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), tinha
tudo para elevar o patamar das discussões políticas no Congresso, mas se
especializou no caminho viciado do loteamento de cargos públicos. Atua, sem
maior constrangimento, como porta-voz do fisiologismo e sempre viu seus pedidos
atendidos pelo Executivo.
Nas últimas semanas, porém, a maré parece ter começado a
mudar. Depois de trombetear que Elias Fernandes não sairia do comando do Dnocs,
o Departamento Nacional de Obras contra a Seca, teve de engolir a demissão de
seu apadrinhado. Além disso, viu ameaçada sua candidatura à presidência da
Câmara no ano que vem. “Se ele age assim na liderança do PMDB, imagine o que
não vai fazer na presidência da Câmara?”, indagou a presidenta Dilma Rousseff a
auxiliares. Mas Dilma terá muito trabalho se quiser mesmo limar de vez a
influência de Henrique Alves. Hoje ele é um homem muito poderoso na Esplanada.
Henrique Alves é apontado no governo como o maior padrinho de vagas no segundo
escalão do governo federal. São atribuídas ao deputado quase 50% das nomeações
feitas para contemplar o PMDB.
Metade delas consta da sua cota pessoalíssima e a outra
parte é de apadrinhados dos amigos de Congresso, a quem também precisa agradar.
O Planalto considera de responsabilidade direta de Henrique Alves a nomeação de
quase 20 figuras que circulam pela Esplanada, entre eles o ex-deputado baiano
Geddel Vieira Lima que ocupa a vice-presidência de Pessoa Jurídica da Caixa
Econômica Federal. Geddel estreitou laços com Henrique Alves durante sua
temporada à frente do Ministério da Integração, quando comandava o Dnocs,
preenchido ao gosto do deputado potiguar desde aquela época.
No Dnocs, apesar da demissão de Elias Fernandes, Henrique
Alves avançou tanto que nomeou até o sobrinho José Eduardo Alves para uma
diretoria no Rio Grande do Norte. Os tentáculos de Henrique Alves avançam ainda
sobre o Ministério do Turismo, a Embratur, a Agência Nacional do Petróleo, a
Conab e o INSS, onde emplacou o amigo Pedro Sanguinetti na diretoria de
Orçamento. No Turismo, oito cargos de assessores e secretários foram
preenchidos por indicação do deputado potiguar. Nos últimos dias, Dilma e o
vice Michel Temer conversaram sobre o comportamento do líder do PMDB.
Temer avocou para si a tarefa de enquadrá-lo. Integrantes do
próprio PMDB admitem que a influência do líder da bancada no governo pode estar
chegando ao fim.
POSTADO PELA REVISTA ISTO É / BLOG DE ROBSON PIRES