sábado, 14 de janeiro de 2012


Sobreviventes relatam caos em naufrágio de transatlântico  

Acidente na Itália deixou ao menos 3 mortos; 4.234 pessoas estavam a bordo

PUBLICAÇÃO: 14.01.2012

O navio Costa Concordia encalhou e tombou próximo à ilha de Giglio, na Itália
O navio Costa Concordia encalhou e tombou próximo à ilha 
de Giglio, na Itália

O acidente com o transatlântico Costa Concordia, que  bateu na noite desta sexta-feira em um banco de areia em frente à ilha de Giglio, na costa da Itália, e naufragou em seguida, deixou ao menos três mortos e provocou momentos de desespero entre os passageiros. "Vivemos momentos de caos total. Ninguém da tripulação sabia dizer o que devíamos fazer. O navio começou a inclinar e todo mundo foi jogado por cima dos outros. Muita gente ficou machucada", contou um sobrevivente.

Segundo o prefeito de Toscana, Giuseppe Linari, quase 70 pessoas ainda se encontram desaparecidas, mas podem estar com outros passageiros evacuados para a ilha de Giglio. "Dos 4.234 passageiros e membros da tripulação, incluindo 52 crianças menores de seis anos, foram encontrados até o momento 4.165 pessoas, o que deixa uma diferença de 70 pessoas, mas estamos realizando buscas praticamente porta a porta na ilha de Giglio", afirmou Linari.

A embarcação fazia um cruzeiro pelo Mediterrâneo e saiu do porto de Civitavecchia, a 80 quilômetros da capital Roma, com destino a Savona, no norte do país. De lá, partiria num cruzeiro com escalas em Palermo (Sicília), Cagliari (Sardenha), Palma de Mallorca, Barcelona (Espanha) e Marselha (França). Cerca de 2 horas depois de zarpar, por volta das 21h30 (18h30 de Brasília), as sirenes soaram.

"Foi um pesadelo, parecia o Titanic, pensamos que era o fim, que íamos morrer", relatou a italiana Silvana Caddeo à imprensa local. Ao lado de Ignazio Deidda e Mirella Corda, ela contou que a colisão ocorreu precisamente no horário em que os passageiros jantavam. Com o impacto, garrafas e copos voaram das mesas.

Em seguida, os alto-falantes da embarcação avisaram que um problema elétrico havia acontecido e que não havia motivos para preocupação. "Mas as pessoas gritavam e as crianças choravam, em meio à total escuridão", afirmou um dos italianos sobreviventes.

Brasileiros – Entre os passageiros havia 46 brasileiros, de acordo com a empresa Costa Cruzeiros, responsável pelo navio. O número foi confirmado pelo Itamaraty. A assessoria de imprensa do Ministério das Relações Exteriores relatou ainda que alguns brasileiros resgatados entraram em contato com o consulado brasileiro em Milão mas, até o momento, não há nenhum registro de brasileiros feridos ou desaparecidos no acidente.

De acordo com o Itamaraty, caso um brasileiro fosse vítima do naufrágio, o procedimento normal seria as autoridades italianas contatarem o governo brasileiro para informar sobre o caso, o que não ocorreu.

Lentidão – Alguns passageiros do Costa Concordia queixaram-se da lentidão das equipes de socorro e afirmaram que levaram até 1 hora e 30 minutos para deixar o navio. Segundo membros da tripulação, o capitão da embarcação sabia da gravidade da situação mas "não fez o que devia ser feito".

Para apurar o eventual atraso no salvamento, a Capitania dos Porto de Grosseto, à qual é ligada a ilha de Giglio, anunciou a abertura de uma investigação. Mas, de acordo com a imprensa italiana, o capitão Emilio do Santo já admitiu os atrasos. Após o acidente, as autoridades da ilha de Giglio convocaram a população para ajudar na acolhida aos passageiros do cruzeiro.

Moradores abriram suas casas para receber os viajantes. Centros esportivos e a pequena igreja da localidade serviram de abrigo. Além disso, algumas lojas abriram durante a noite e a população cedeu cobertores e roupas para que os sobreviventes não passassem frio no inverno italiano.

Navio italiano com maior capacidade de passageiros, o Costa Concordia pertence à companhia Costa Cruzeiros. A embarcação encalhou por causas ainda desconhecidas e está escorado a 80 graus em uma região arenosa com profundidade de 30 metros.

Passageiros receberam cobertores na ilha de Giglio após serem resgatados

POSTADO PELA REVISTA VEJA