Prefeituras ficam com saldo zero no 1º repasse de 2010
Publicação: 08.01.2010
A primeira cota de 2010 do Fundo de Participação reforça a previsão do presidente da Confederação Nacional dos Municípios, Paulo Ziulkoski, de que as prefeituras vão enfrentar um ano difícil, apesar da propalada recuperação da economia. O dinheiro será depositado hoje. No Rio Grande do Norte, pelo menos 16 prefeituras terão “saldo zero” para livre movimentação, entre elas, Mossoró e Parnamirim, as duas mais populosas depois da capital, e municípios da rota do petróleo – Macau, Pendências, Guamaré, Carnaubais, Grossos e Upanema. No total, os municípios do RN, incluindo Natal, recebem hoje R$ 33,9 milhões, já com os descontos de 20% do Fundeb.
Alex Régis
Paulo Ziulkoski alerta que, apesar da perspectiva de recuperação na economia do País, prefeituras vão enfrentar um ano difícil
Paulo Ziulkoski alerta que, apesar da perspectiva de recuperação na economia do País, prefeituras vão enfrentar um ano difícilEm Macau, o prefeito Flávio Veras anunciou no final do expediente da quarta-feira a exoneração de 200 cargos comissionados, mas o motivo não está relacionado à queda do FPM. “Infelizmente a crise do saldo zero está de volta. Foi uma surpresa para nós, até porque o governo dizia que as medidas anticrise já teriam reflexo nos repasses deste ano”, disse o presidente da Federação dos Municípios do Rio Grande do Norte (Femurn), Benes Leocádio. Segundo ele, houve queda no repasse do FPM em relação à primeira cota de janeiro do ano passado. Em Lajes, recebemos R$ 30 mil a menos.”
Leocádio lembrou que as finanças dos municípios tendem a se agravar caso não haja aumento de arrecadação do FPM já no primeiro trimestre. “O reajuste do salário mínimo nestes dois anos foi de 20%. A implantação do Piso Nacional dos Professores e do Plano de Cargos e Salários do Magistério aumentou as despesas da educação com pagamento de salários em 30% e não estamos tendo a contrapartida”, disse o presidente da Femurn.
Em Parelhas, o pagamento de salários dos professores chegou a 86% dos repasses do Fundeb (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação Básica). Por lei, o comprometimento só pode chegar a 60%. Os 40% restantes são destinados a pagamento de salário dos demais servidores da Educação e a manutenção das escolas. “Em dezembro, o dinheiro extra do 1% do FPM só deu para pagar o 13º e a complementação do Fundeb”, disse o prefeito Francisco de Assis Medeiros (PT). Ele informou que o município ultrapassou o limite previsto na Lei de Responsabilidade Fiscal e admitiu “tomar medidas antipáticas” caso não haja recuperação das receitas. “As medidas imposta pela Lei de Responsabilidade Fiscal já dificultam as negociações futuras sobre reajuste salarial”, disse o prefeito, que também preside a Associação dos Municípios da Micro-região do Seridó Ocidental (Amso). Perguntado se isso não poderia causar problemas com o PT, partido historicamente identificado com movimentos por melhorias salariais, o prefeito disse que o PT entenderá as dificuldades enfrentadas pelos municípios.
Benes Leocádio chamou a atenção para outros problema: o da compensação das perdas do Fundo de Participação. “A lei previa compensações apenas em 2009. E ainda estamos esperando os R$ 12 milhões que o Rio Grande do Norte tem direito das perdas que deveriam ser compensadas em setembro”.
O presidente da Femurn disse que vai aproveitar a viagem a Brasília, na próxima terça-feira, para uma reunião com a diretoria da Confederação Nacional dos Municípios.