quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

O SENADOR DO DEM JOSÉ AGRIPINO MAIA LAMENTA A CHANCE PERDIDA...



Agripino lamenta chance perdida

Publicação:02.12.2009
O mesmo senador José Agripino Maia que há algumas semanas defendia com unhas e dentes a administração de José Roberto Arruda, como eu lembrei aqui em notas passadas e este portal destacou em reportagem de Elaine Vladia, agora está pesaroso, desconsolado mesmo, com a decisão tomada ontem pelo seu partido, o Democratas, de amarelar diante do governador do Distrito Federal.

Hoje Agripino concedeu uma entrevista ao Terra Magazine, lamentando o vacilo do DEM.

Leiam:

- O PSDB decidiu retirou seus três secretários da administração Arruda; o DEM postergou a decisão sobre a expulsão para o dia 10. Como o senhor avalia essas duas decisões?

- Na minha visão, que sou um agregador dentro do partido, o DEM perdeu um grande momento de afirmação. Outros partidos enfrentaram denúncias semelhantes e nenhum deles teve a iniciativa que estamos tendo. Reunimos a bancada do Senado, eu colhi as posições uma por uma e as tornei públicas. O partido reuniu a executiva para discutir propostas e nós apresentamos. Eu, enquanto senador, Caiado, enquanto deputado, e Demóstenes, também enquanto senador e não como presidente da Comissão de Constituição e Justiça, fizemos a nossa proposta de processo disciplinar de expulsão sumária. Só houve, na reunião, manifestações contrárias a nossa tese ou favoráveis a outras alternativas. Na medida em que não votamos a favor dessa tese, perdemos uma grande chance de nos diferenciarmos dos partidos no futuro.


- O que vai acontecer?

- Não acredito que a robustez dos fatos que incentivaram o partido a passar essa história a limpo seja neutralizada daqui até o dia dez. O que poderia ter sido feito hoje, a expulsão sumária, foi adiada, desnecessariamente por nove dias. Humildade diante dos fatos em respeito às diversas opiniões de membros do partido, assim, tocamos a vida para frente.


- O senhor acredita que se tivessem decidido pela expulsão nesta terça, isso evitaria um desgaste maior do partido?

- Eu acho que o partido deveria ter tomado uma iniciativa definitiva em relação a fatos, que são suficientemente robustos. Evitaria o risco de desgaste desnecessário por nove dias.


- Ficou complicado, então, tecer críticas ao dito "mensalão do governo"

- Não, não. Nós estamos tomando iniciativas saneadoras. Eles não tomaram. Esperaram o Supremo Tribunal Federal reconhecer que houve mensalão e que há culpados. Nós estamos tomando providências e punindo companheiros importantíssimos do partido em nome do respeito à sociedade e aos bons costumes.


- Para 2010, fica complicado, agora, manter a ansiedade por uma decisão do PSDB em relação ao seu presidenciável?

- O PSDB é o dono da candidatura e, na minha opinião, é dono do momento da escolha do candidato. Se eu, que quero ajudar no processo, disser que é conveniente adiantar o processo, estarei constatando uma realidade, mas estarei criando um embaraço a um dos candidatos do PSDB, a quem nós vamos apoiar, seja Serra ou Aécio. Na hora em que eu pedir uma antecipação, estarei criando dificuldades na aliança que eu pretendo montar.


- O PSDB teve seu "mensalão". O PT também. E agora, se fala que a crise vivida pelo DEM-DF é também um mensalão. Sem entrar nos méritos desta caracterização e de forma supra-partidária, o senhor não acredita que o sistema político-partidário brasileiro esteja falido?

- Para se enfrentar ou coibir esse tipo de prática é preciso combater a impunidade, que é o que nós estamos fazendo nesse momento. O PT não tomou nenhuma iniciativa e o combate a impunidade nesse caso está sendo levado pelo STF, que reconheceu a existência desse mensalão. Nós enfrentamos...


- Assim como aconteceu com o senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), no caso do "mensalão mineiro" ou "mensalão tucano"?

- Estamos falando do DEM. Estamos enfrentando o problema, reunindo bancadas, Executiva, nos expondo perante o País e ao desgaste de ter dentro dos nossos quadros um problema dessa natureza. Estamos dispostos a enfrentá-lo na sua inteireza, apontar os culpados e aplicar as punições políticas necessárias.


- Punição seria, então, a solução para esses males?

- Política. Partidos políticos só podem tomar decisões políticas, correções no campo jurídico cabem à justiça, que será um segundo momento. Estamos tomando a mais dura das decisões que é a punição pela vertente política.


- Esse prazo de dez dias existe, mas depois Arruda pode contestar a decisão do relator, alegando cerceamento de defesa.

- Justamente por esta razão é que defendi a tese da instalação do processo disciplinar com expulsão sumária e abertura de prazo para a defesa, que terá um prazo para apresentar suas argumentações, mas que não tem prazo para ser julgada, do ponto de vista legal, pelo tempo que quisesse. O que vai acontecer agora é que o relator terá um tempo limitado. A rigor, com a nossa proposta, o partido ficaria muito mais confortável e o próprio indiciado com melhores condições de organizar argumentos em sua defesa. Na tese aprovada, não há desfiliação.


- A tese aprovada constrangeu o senhor?


- Na política, entramos para ganhar, ou perder. Eu cumpri com o que mandava a minha consciência. Se o partido não entendeu que aquilo era o melhor a ser feito, paciência.