quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Cai a desigualdade entre os municípios
Segundo André Calixtre, a menor desigualdade de renda entre os municípios mais
pobres é uma característica típica do subdesenvolvimento. Foto: Agência Brasil

PUBLICAÇÃO: 10.11.2011

Segundo André Calixtre, a menor desigualdade de renda entre os municípios mais pobres é uma característica típica do subdesenvolvimento. Foto: Agência Brasil
A desigualdade do rendimento domiciliar per capita nos municípios brasileiros caiu 22,8% nas últimas três décadas, considerando-se o índice de Gini. A constatação está em um relatório do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgado nesta quinta-feira 10, com base em dados dos censos demográficos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) entre 1980 e 2010.

Segundo o levantamento, em 1980 o índice de Gini do rendimento das cidades era de 0,31, enquanto no ano passado caiu para 0,24. Esse coeficiente mede o grau de desigualdade na distribuição da renda domiciliar per capita, mas neste caso leva em consideração municípios. Quanto mais perto do zero, melhor a distribuição da riqueza.



O Ipea aponta que a desigualdade do rendimento domiciliar entre os municípios está em queda desde a década de 90, pois no período imediatamente anterior houve um aumento de 2,3%. Uma elevação influênciada por diversos fatores, explica o técnico da Diretoria de Relações Econômicas e Políticas Internacionais do Ipea, André Calixtre, em entrevista ao site de CartaCapital. “Podemos citar o padrão de crescimento com concentração dos anos 80, além da combinação de um ambiente nacional de crise de desenvolvimentismo e reorganização do Estado, inflação alta e baixo crecimento.”

De acordo com o estudo, o grau de desigualdade da renda domiciliar sofreu variações em cada região do País. Em 2010, o Centro-Oeste registrou o indicador mais igualitário do Brasil (0,12), seguido pelo Nordeste (0,13). Por outro lado, o Norte (0,18) e o Sudeste (0,17) tiveram as maiores disparidades. “É importante deixar claro que a desigualdade de renda não se confunde com riqueza e pobreza. Podemos ter uma localidade rica e desigual e outra pobre, onde as pessoas são pobres igualmente”, aponta. “Este é o caso de Nordeste, Centro-Oeste e Norte, uma característica do subdesenvolvimento: a igualdade na pobreza.”

O pesquisador destaca, porém, o aumento real da renda per capita dos municípios no Nordeste e no Centro-Oeste, diminuindo a desigualdade e com registro de crescimento econômico. “O Nordeste teve uma variação da renda de 90% nos últimos 30 anos, passando de 238,00 reais para cerca de 454,00 reais. O Centro-Oeste saiu de 498,00 reais em 1980 para 853,00 reais em 2010.”

No panorama nacional, no entanto, os resultados não foram os mesmos. Nos últimos 30 anos, o fosso entre a renda domiciliar dos municípios da parte do País com a maior igualdade aumentou 53,8% em relação à região que acumulava os resultados mais desiguais.

Neste cenário, destaca-se a queda de 39,3% no grau de desigualdade no rendimento domiciliar per capita das cidades nas últimas três décadas, a maior do País. Por outro lado, o Norte apresentou a menor redução (14,9%) destas disparidades. “Apesar de o estudo não ter a intenção de explicar os motivos para os resultados, o Norte é uma região bastante concentrada em suas metrópoles Belém, Boa Vista e Manaus, o que pode ter influênciado.”

POSTADO PELA REVISTA CARTA CAPITAL