Lula pode internar-se onde quiser, desde que pare de mentir sobre o sistema de saúde
PUBLICAÇÃO: 03.11.2011
Em abril de 2006, em Porto Alegre, o presidente Lula gabou-se de outra proeza hiperbólica: “Eu acho que não está longe da gente atingir a perfeição no tratamento de saúde neste país”. (Passados cinco anos e meio, pode-se presumir que esteja mais que perfeito.) Em novembro de 2009, condoído com as carências do sistema de saúde americano, presenteou o colega da Casa Branca com a solução: “Obama, faça o SUS”. Em janeiro de 2010, ao inaugurar no Recife uma Unidade de Pronto Atendimento, reafirmou que fizera em nove anos o que todos os outros não fizeram em 500: “Eu tava visitando a UPA, e eu tava dizendo que ela tá tão bem organizada, ela tá tão bem estruturada, que dá até vontade de a gente ficar doente para ser atendido aqui”, garantiu. Neste fim de outubro, surpreendido por um câncer, tratou de internar-se no Sírio-Libanês.
Tenho pouco a acrescentar ao excelente resumo da ópera feito por Reinaldo Azevedo. ntegrante da reduzidíssima elite de brasileiros providos de muito dinheiro e plano de saúde cinco estrelas, Lula tem o direito de recorrer aos serviços dos melhores hospitais da rede privada. Ao consumar tal opção, contudo, confere a todos os pagadores de impostos o direito de exigir que pare de tentar enganá-los com bravatas, lorotas ou mentiras deslavadas sobre o sistema de saúde. Há bons hospitais e profissionais admiráveis, mas até as golas dos jalecos sabem que os deslumbramentos celebrados por Lula só existem no Brasil Maravilha registrado em cartório. No país real, a busca de socorro na rede pública acaba, com desoladora frequência, na morte sem atendimento.