sexta-feira, 11 de novembro de 2011

COMENTÁRIO


Um ministro ficha limpa

PUBLICAÇÃO: 11.11.2011

Você lembra de ter lido alguma vez sobre um juiz que admitiu rever sua decisão diante das críticas que a recepcionaram? E sobre um ministro do Supremo Tribunal Federal? Muito menos, não é?

Eu pelo menos não lembro. Daí porque louvo a posição anunciada ontem pelo ministro Luiz Fux, relator no Supremo Tribunal Federal da ação que questiona a constitucionalidade da Lei da Ficha Limpa.

O julgamento começou anteontem e foi suspenso devido a um pedido de vistas do ministro Joaquim Barbosa. Fux havia votado, e somente ele.

A Lei da Ficha Limpa torna inelegível o político que renuncia ao mandato para escapar à abertura de um eventual processo de cassação.

Antes dela, o político renunciava e podia ser candidato nas eleições seguintes.

Fux defendeu no seu voto que a inegibilidade só ocorra se a renúncia se der após a abertura do processo de cassação.

Tal entendimento é um retrocesso. Legitima a manobra esperta que já livrou da punição tantos políticos. O ex-senador Jáder Barbalho (PMDB-PA) foi um deles. Outro, o ex-governador Joaquim Roriz (DF).

- Essa questão vai ser recolocada na sessão que vamos votar o pedido de vista. O julgamento ainda não acabou. Se nós entendermos que, de alguma maneira, essa proposição abre alguma brecha que tira a rigidez e a razão de ser da Lei da Ficha Limpa, nós faremos uma retificação - anunciou Fux.

E foi além:

- Eu mesmo posso mudar. Você sempre reflete sobre a repercussão da decisão. Até o término do julgamento, a lei permite que o próprio relator posso pedir vista ou retificar o seu voto.

Bravo!

POSTADO POR RICARDO NOBLAT  DO JORNAL O GLOBO