sexta-feira, 19 de agosto de 2011


Sobrinho do deputado João Maia (PR) e ex-superintendente são acusados de formação de quadrilha e corrupção

PUBLICAÇÃO: 19.08.2011
Os 10 suspeitos de envolvimento no esquema de corrupção descoberto durante a operação Via Ápia, da Polícia Federal (PF), em abril deste ano, serão julgados. O Ministério Público Federal no Rio Grande do Norte (MPF/RN) apresentou à Justiça Federal denúncia contra eles por formação de quadrilha, peculato, crime contra a lei de licitações, corrupção ativa e passiva. Entre os acusados está o engenheiro Gledson Maia, sobrinho do deputado federal João Maia (PR), e o ex-superintendente do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Fernando Rocha, ambos indicados para os cargos pelo parlamentar.

Fernando Rocha seria um dos "autores intelectuais" do esquema de propinas

Além deles, outros funcionários do Dnit integram a lista dos acusados, assim como pessoas ligadas ao Consórcio Constran/Queiroz Galvão/Construcap. Sete dos 10 acusados foram presos, em novembro do ano passado, quando a Polícia Federal deflagrou a operação Via Ápia, mas agora estão em liberdade. O grupo é acusado de cometer uma série de irregularidades na execuçãoda obra de duplicação da BR 101, mais precisamente no Lote 2, trecho entre o RN e a Paraíba.
O Lote 2 (contratado a partir da Concorrência nº 102/2006) possui extensão total de 35,2 Km. Os serviços de duplicação, restauração da pista existente, recuperação e alargamentos das obras de arte especiais (pontes, viadutos e passarelas) estão sendo realizados do município de Arês até a divisa com a Paraíba, pelo consórcio Constran/Queiroz Galvão/Construcap. O contrato da obra, orçada inicialmente em R$ 172.325.924,18, sofreu seis aditivos e chegou ao valor final de R$ 214.535.909,72, um acréscimo de mais de 40 milhões, ou seja, 24,49%.
As investigações se iniciaram a partir de fiscalizações realizadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU). Entre as irregularidades apontadas estão a má execução do serviço, fiscalização omissa, prorrogação indevida de prazos, falta de responsabilização do consórcio executor pela lentidão da obra, avanço desproporcional das etapas de serviço e liberação de trecho da rodovia sem a licença de operação.
O MPF pontuou as irregularidades cometidas pelo Dnit. "Apesar das constatações feitas pelo TCU, a superintendência regional do Dnit não aplicou ao consórcio executor as sanções legais e contratuais para impedir a repetição dos problemas. O volume de provas colhidas por escutas telefônicas e quebra de sigilo bancário dos envolvidos, com a devida autorização judicial, dá conta de que ocorria a prática reiterada de desvio de recursos públicos em favor dos denunciados. Mesmo com irregularidades, a direção regional do Dnit autorizava periodicamente os pagamentos em favor do consórcio", frisou.
OS DENUNCIADOS PELO MPF
DENUNCIADO O ENGENHEIRO GLEDSON GOLBERY DE ARAUJO MAIA
SOBRINHO DO DEPUTADO FEDERAL JOÃO MAIA
- Gledson Golbery de Araújo Maia - Ex-chefe de engenharia do Dnit. Apontado como principal autor intelectual da ação, com forte liderança do grupo.
- Fernando Rocha Silveira - Ex-superintendente regional do Dnit, seria um dos autores intelectuais da ação.
- Luiz Henrique Maiolino de Mendonça - Servidor do Dnit, que integrava equipe responsável por fiscalizar a execução do contrato. Acusado de adulterar as medições e encobrir as irregularidades praticadas pelos demais denunciados.
- Frederico Eigenheer Neto - Gerente comercial da empresa Construcap, uma das empresas que constitui o consórcio executor da obra investigada.
- Gilberto Ruggiero - Funcionário da empresa Constran e gerente-geral do consórcio Constran-Galvão-Construcap.
- Andrev Yuri Barbosa Fornazier - Empregado da empresa de fiscalização ATP Engenharia (contratada pelo Dnit para fiscalizar as obras da BR 101).
- Marlos Wilson Andrade Lima de Gois - Empregado da ATP Engenharia.
- Emir Napoleão Kabbach - Diretor da empresa Constran S.A. Construções e Comércio.
- José Luís Arantes Horto - Sócio da empresa Pedreira Potiguar LTDA.
Veja mais ...
- Mário Sérgio Campos Molinar - Engenheiro civil contratado pela Constran S/A - Construções e Comércio. 
PR desacreditado
Medição superfaturada na BR-101
FONTE: DIÁRIO DE NATAL