quinta-feira, 3 de junho de 2010


A Artista Maior de São Vicente / RN

MARIA DO SANTÍSSIMO
Biografia:

Publicação: 03.06.2010
Pintora primitivista que jamais compreendeu a importância e o alcance de sua obra, Maria Antônia do Santíssimo nasceu em São Vicente, RN, em 1890, e faleceu no mesmo município da região seridoense, em 1974.

Mulher, de hábitos simples, era voltada para as prendas domésticas, sem vislumbrar para o seu futuro nada além da cerca-viva, de paisagem de xique-xiques, dos açudes castigados pela estiagem. Pintava desde criança, inspirando-se na fauna e na flora da região. Fabricava seus pincéis a partir de palitos da folha do coqueiro e pintava com anilina sobre cartões simples. Os temas brotavam de vivências e lembranças recriadas por sua imaginação, em traços simples e de muita pureza.

São galos, pavões, pequenos animais domésticos, cajueiros, flores e frutos do sertão, tudo com um toque mágico de sua arte.

Em 1962, sem jamais sair de sua terra natal, Maria do Santíssimo viu sua carreira ganhar um grande impulso, graças ao pintor Iaponi Araújo. Até então, os quadros da pintora estavam restritos a pequenos oratórios, a velhos baús, e mesmo a paredes da sala de alguns coronéis da região.

O seu marchand, tão primitivo e simples quanto ela, era o marido João Antônio Maria.

Com o apoio de Iaponi Araújo, artista sensível e também seridoense, os principais centros de arte do País começaram a conhecer a obra de Maria do Santíssimo.

A partir dos 72 anos de idade, Santíssima saiu do anonimato para ter sua arte vista, elogiada, consagrada como uma das melhores do País. Seus trabalhos foram exibidos em grandes museus brasileiros e na Trienal da Pintura primitiva de Bratislava, Tchecoslováquia.

Tem abras no acervo do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e de São Paulo, no Museu do Folclore do Rio de Janeiro, no Palácio do Itamarati, em Brasília, e no Museu de Pintura Primitiva de Assis, em São Paulo, faz parte de acervo de renomados colecionadores de Arte no país e no exterior.

Faz parte do Dicionário de Pintores Brasileiros, com verbete escrito pelo crítico Clarival de Prado Valladares, que ressalta: "Artista genuína que transfigura rosas, cajus, aves e cravos em elementos abstratos, com a versatilidade e o deslumbramento de um caleidoscópio."

Maria do Santíssimo, imortalizada por sua arte primitiva e bela deixou de pintar aos 83 anos de idade, um ano antes de morrer.

Maria do Santíssimo recusou o papel canson e a tinta guache que lhe ofereceram, porque, para ela, todo o sentido dos seus trabalhos, das formas dos galos, cajus, pavões e roseiras, somente se fixaria na anilina e no papel mais simples.

De suas pinturas emergiam a vida e seu cotidiano. "Os burros eram lembranças dos cavalinhos de carrossel, ingenuamente amarrados pelos arreios aos troncos das espirradeiras. Os melindres, pequenos galhos de uma plantinha doméstica criada em vasos, chamada alfinete, colocados nos cantos dos desenhos para complementar o equilíbrio das composições, pareciam penas-de-escrever, brilhando em verde. Sua temática floral registrava o conhecimento de sua flora de canto de muro: cravinas, cravos, malvões, espirradeiras, boas-noites e dessas flores de papel para enfeite dos santos nos altares, oratórios ou nas procissões de festas", registra Iaperi Araújo.
Em sua homenagem, a Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN e a Fundação José Augusto criaram os prêmios de pintura "Maria do Santíssimo", hoje, desativados. A Prefeitura Municipal de São Vicente deu seu nome à Biblioteca Pública da cidade.

A pintora consta como verbete dos seguintes livros: Aspectos de Pintura Primitiva Brasileira, de Flávio Aquino (Spala, Rio, 1978); Dicionário dos Artistas Plásticos do Brasil, de Carlos Cavalcanti (Ed. MEC/FUNARTE, Rio); Dicionário das Artes Plásticas no Brasil, de Roberto Pontual (Ed. Civilização Brasileira, Rio, 1971); Enciclopédia Delta Larousse; Festas Brasileiras por seus artistas, de Geraldo Edson de Andrade (Spala, Rio, 1980); e Maria do Santíssimo - uma pintora popular, de Iaperi Araújo (Ed. Gráfica Manimbu, 1966 e Editora Universitária, 2ª edição, 1981).

Exposições

· Exposição Individual na Galeria Villa-Flor, em Natal (1968)
· Exposição Individual na Galeria Renascença, em Natal (1970)
· Exposição na Galeria Goeldi, no Rio de Janeiro (1970)
· Trienal de Pintura Primitiva, em Bratislava, na Tchecoslováquia (1973)
· Salão de Verão do Jornal do Brasil, no MAM/RIO (1974)
· Exposição na Galeria Rodrigo Melo Franco, na FUNARTE/Rio (1979)


Escultor Manxa

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