quinta-feira, 6 de outubro de 2011


Temer sugere que reforma política vigore só em 2018

  José Cruz/ABr
PUBLICAÇÃO: 06.10.2011
No exercício da Presidência da República, Michel Temer pronunciou nesta quinta (6) palavras de perfurante sinceridade.

Temer falou sobre reforma política. Disse sob holofotes coisas antes sussurradas no escurinho das reuniões que o PMDB faz entre quatro paredes.
Não considera realista a hipótese de o Congresso modificar a legislação eleitoral neste ano. Defende algo não previsto nos projetos que correm na Câmara e no Senado.
Para Temer, o melhor a fazer é esboçar um projeto de reforma e submetê-lo a umaconsulta popular nas eleições de 2014.
Só depois de aprovadas nessa consulta plebiscitária as regras entrariam em vigor. Seriam aplicadas, portanto, apenas nas eleições de 2018.
Termer expôs seu ponto de vista em Aracaju, numa conferência organizada pela OAB de Sergipe. Falou para uma platéia de advogados e estudantes de Direito.
Despejou sobre o microfone uma divergência do seu PMDB em relação a um ponto de honra do PT: o voto em lista.
Para o petismo, o modelo ideal seria aquele que combinasse o financiamento público da eleição com o voto numa lista de candidatos pré-definida pelas legendas.
Em vez de votar diretamente no candidato de sua preferência, o eleitor votaria no partido. Seriam eleitos os candidatos mais bem postos na lista da legenda.
Diante das resistências, que não se restringem ao PMDB, Fontana propôs um modelo híbrido. Cada eleitor daria dois votos –um no candidato, outro na lista.
Excetuando-se o PT, todos os demais partidos reagiram mal ao hibridismo de Fontana. O que forçou o adiamento da votação da proposta para 19 de outubro.
Na opinião de Temer, "a única coisa lógica que o povo vai entender, se fizer a reforma política, é que os mais votados sejam os eleitos."
Acha que o voto em lista, por "incompatível”, é ideia natomorta. “Não passará no Congresso”, afirma Temer.
“Este modelo pode estimular o caciquismo nos partidos, o que preocupa os parlamentares, pois o presidente do partido incluirá na lista quem ele bem quiser."
Repita-se: as palavras de Temer, de perfurante sinceridade, têm o efeito de um prego. O útimo prego no esquife da reforma política que embala os debates no Congresso.
Sem o PMDB, que leva atras de si o pedaço conservador do condomínio governista, só há uma reforma possível neste ano: nenhuma.
POSTADO NO BLOG DE JOSIAS DE SOUZA NA FOLHA.COM