segunda-feira, 24 de maio de 2010

Eleição está indefinida, afirma diretor do Sensus

Publicação: 24.05.2010
São Paulo (AE) - Segundo a última pesquisa CNT/Sensus, dos entrevistados que dizem participar de programas federais como o Bolsa-Família e o Primeiro Emprego, 46% pretendem votar em Dilma Rousseff (PT) e 33%, em José Serra (PSDB). O grupo dos beneficiários de programas sociais do governo é comumente apontado como eleitorado cativo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de sua candidata Dilma.

Ricardo Guedes, diretor do instituto Sensus, afirma que é comum encontrar aparentes paradoxos nas escolhas dos eleitores. “Há sempre um grau de confusão e de incongruência. Mas também é verdade que uma parcela da população não descobriu que Dilma é candidata.”

Uma mostra de que o eleitorado tem dificuldade de diferenciar os dois candidatos aparece em outro dado da pesquisa: 42% dos simpatizantes de Dilma admitem que poderiam votar em Serra, e 44% dos potenciais eleitores do tucano dizem que poderiam optar pela petista.

“O certo é que esta não é uma eleição definida”, afirma Ricardo Guedes. “Há uma tendência de continuidade, mas isso não significa que o caminho da candidata governista será fácil.” Ele chama atenção para o fato de que cerca de 30% dos entrevistados afirmam que os debates entre os candidatos serão importantes na definição do voto.

O fato de não haver alinhamento automático entre o eleitorado beneficiado por programas sociais do governo - que chega a 17% do total - e a candidata oficial enseja duas leituras: ou Dilma tem potencial para crescer, ou está dando certo a estratégia de Serra de prometer “manter e aprofundar” o Bolsa-Família.

“Os atendidos por programas sociais formam um eleitorado cativo do presidente Lula, mas não necessariamente da candidata do PT”, disse o cientista político Ricardo Caldas, da Universidade de Brasília (UnB). “A questão é o quanto desses votos Lula conseguirá transferir. E isso ninguém sabe.”

O Sensus ouviu 2.000 pessoas entre os dias 10 e 14 de maio. A pesquisa foi encomendada pela Confederação Nacional dos Transportes. O "Grupo Estado" arredondou os resultados, apresentados originalmente com uma casa decimal depois da vírgula.