Gato & Sapato
PUBLICAÇÃO: 01.03.2012

Quer dizer, posições municipais não guardam necessariamente
relação com planos nacionais e os ministérios estão aí mesmo para servir como
moeda de troca desde que atendido o pré-requisito da obediência total.
Novidade? Nenhuma, a não ser a desenvoltura na exposição do
conceito de que a meta é a hegemonia e o preço é a submissão de quem aceitar
aderir a ele.
Pecado? Nenhum. Pode-se até discordar dos métodos, mas o PT
está no papel dele. Se equívoco há é dos partidos aliados, notadamente o PMDB.
Internamente eles exalam ressentimento, mas internamente comportam-se com a
passividade dos que não enxergam uma alternativa, mas também não se dispõem a
construí-la.
De onde continuam docemente prestando-se ao papel de gato e
sapato com medo de sofrer derrotas, com receio de que o exercício do
contraditório possa levá-los (e certamente levaria, segundo as regras em vigor)
à perda das migalhas que o dono da bola acha conveniente lhes fornecer.
A formação das alianças para a eleição presidencial mostrou
isso e as negociações em andamento com vistas ao pleito municipal confirmam: o
PT só apoia candidatos de outros partidos de sua base onde não tem chance de
concorrer ou onde essa aliança representa algum ganho futuro.
O atendimento ao interesse do outro não entra no jogo, a mão
dupla não é levada em conta na parceria. Com isso a insatisfação cresce e as
mágoas se avolumam, num ambiente de venha a nós e, ao vosso reino, nada. Tem
dado certo. Até o dia em que, por obra de um curto-circuito qualquer, começar a
dar errado. (Estadão)
POSTADO PELO ESTADÃO SP