quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Igrejas devem participar do processo eleitoral, diz presidente da CNBB

COFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL


PUBLICAÇÃO: 21.10.2010
Brasília -DF.
Ao falar hoje (21) sobre a polêmica envolvendo a questão do aborto e a dimensão que o tema ganhou na campanha eleitoral, o presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, dom Geraldo Lyrio Rocha, defendeu o direito das igrejas de opinarem dentro do processo político.
“Não se pode querer silenciar a Igreja como se não pudesse manifestar sua posição. Todos são respeitados quando falam, todas as minorias, mas a Igreja quando fala é acusada de estar se intrometendo. Por isso, esse argumento é falso”, disse o presidente da CNBB.
Para Dom Geraldo, o fato de o tema ganhar relevância foi positivo, apesar de posições “reduzidas” pelas quais a CNBB não deve se responsabilizar. “A moeda sempre tem dois lados. Se há inconvenientes de um lado, há uma vantagem enorme do outro. O tema [aborto] foi colocado em pauta e não se podia entrar em um processo eleitoral sem trazer à tona assuntos dessa natureza”, disse Dom Geraldo, durante entrevista coletiva para lançar o tema da campanha da fraternidade de 2011.
As “reduções” às quais dom Geraldo se referiu foram os vídeos e informações divulgadas pela internet sem autoria definida que tinham como alvo a campanha petista. “Acho importante discutirmos o mérito. Não deveríamos nos perder no caminho. Houve reduções. A CNBB não pode responder por essas reduções.”
O presidente da CNBB reclamou ainda da argumentação de grupos defensores da flexibilização da legislação sobre aborto de que o Estado é laico e que, portanto, a Igreja não deve interferir nos temas políticos. “Estado laico não é sinônimo de estado ateu, antireligioso ou areligioso. O Estado brasileiro é laico, mas a sociedade brasileira não é laica, é profundamente religiosa, não estou dizendo só católica, mas evangélica, afro, dos cultos indígenas. Se Estado laico for entendido como um Estado que não permite com posições diferentes, não será Estado laico, será ditadura laica.”
Da Agência Brasil